Pouco
para dizer, muito para escutar, tudo para sentir. A propósito
do programa de rádio
ÍNTIMA FRACÇÃO
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8.2.07
As músicas sobrepõem-se muito depressa na memória. Com o aumento da produção e, especialmente, com o enorme leque de canais de divulgação, há uma tendência para que as músicas se arrumem muito depressa. Às vêzes deitam-se foram. Há também imensa música perdida. As rádios em Portugal alargaram a dimensão do espaço vazio na música actual. Mesmo que sejam de agora, a maior parte das músicas parecem-se com outras, que por sua vez já se pareciam com outras e outras e outras. Antigas e sem nada que as distinga. A rádio em Portugal está tomada por programadores que pensam "ah ! isto sim !". E isto sim, porquê ? Porque é música do "tempo deles". Ainda ontem eram tão novos e já hoje repetem até à exaustão as suas musiquitas que nada mais fizeram do que vender discos. Normalmente há um período de 20 anos para incubar esta "doença". O tempo suficiente para se passar da adolescência à idade adulta e se ser responsável por alguma rádio (alguma !). Vai daí estamos agora nos anos 80. No entanto, se esperam voltar a ouvir Cocteau Twins, Felt, Nick Cave ou David Sylvian, por exemplo, desistam. Esperam-vos Culture Club (e vá lá ...), Lionel Richie, Phill Collins e muito provavelmente os Miami Sound Machine e as Bananarama. Uns singles com piada para miúdos de 16 anos à época. Enfim, também se ouviam nos bares e discotecas pelos mais crescidinhos. De maneira que regressa tudo ao estado plastificado estilo Olivia Newton-John. Já não falo dos nomes eternos (Sinatra, Jobim, Brel, ...) simplesmente BANIDOS da rádio. Há uma enorme galeria de notáveis (solos e grupos) que desapareceu. São notáveis, mas não suficientemente eruditos para terem direito ao exílio na Antena 2. Assim sendo, a rádio em Portugal, no que à música diz respeito (talvez não só), está quase no grau ZERO. Isto é, sem alma, pode ter corpo, mas está morta.
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Francisco em 8.2.07
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