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9.8.03
 


Quando, há uns meses, comecei a passar na IF músicas da Carla Bruni, quase que advinhei o que aí vinha. Afinal, foi pior.
O disco da Bruni já vinha com o peso de ter sido "duplo de ouro" em França. O facto é difícil de entender. O disco não é tão bom e, sobretudo, não é tão mau como deve ser um "duplo de ouro".
Confesso que não conhecia a Carla Bruni e isto quer dizer que não sabia mesmo que ela era ( é !? ) como era ( é !? ). Em linguagem "revolucionária em curso" ... é o exposto !
Depois vim a saber que tinha sido modelo topo-de-gama. E que vendeu bem. Só em 1998, quando tinha 30 anos, facturou qualquer coisa como 7,5 milhões de euros. Ainda por cima não precisava dos euros para nada. Nascida em Turim, é herdeira de uma confortável fortuna proveniente das indústrias da família. Foi para Paris aos 5 anos. Andou numa escola na Suiça e, de volta a Paris, foi estudar Artes e Arquitectura na Universidade. Quase no princípio, com 19 anos, abandonou e seguiu a carreira de modelo que, como é habitual numa mulher bonita, nunca lhe tinha passado pela cabeça ! Depois, foi quase tudo quanto alguém do meio pode aspirar, penso eu ... e não é "de que", é mesmo "que". Que Carla Bruni para além de "passar" para as mais célebres marcas e ser das modelos mais fotografadas de sempre ( infelizmente alguas fotos são vulgares ... ), também passou pelos tablóides e revistas pink. Porquê? Dizem que estragou o casamento de Mick Jagger ( qual ? segundo ela, Jagger teve 7.000 namoradas ). Romances com Eric Clapton e até com Kevin Costner, ajudaram. Ah ! e nunca casou. Tem uma irmã que faz cinema, amigos, uma bela penthouse em Paris e uma casinha de férias em St. Tropez. E uma guitarra ... Enfim, uma belíssima imagem para o "marketing".
Só que, e há sempre um "só que" à nossa espera em qualquer lado, a Carla Bruni, para mim não existia. Toda estas histórias, mais ou menos "real estate", ainda bem que nunca me tinham passado pelos olhos. Pelos ouvidos passaram-me músicas do Cd "Quelqu'un ma dit". É óbvio que sussurra porque não pode fazer outra coisa. Se experimentarem ouvi-la num duo com Laurent Voulzy ( Tout les garçons et les filles ), lá se vai a Carla Bruni. Só que não é por causa dos sussurros que eu gostei do disco ( ou para ser mais sincero, de uma parte dele). Este trabalho não tem uma produção de alta costura. É simples. Tem bom gosto ( e nem vou explicar porquê ). Há, evidentemente, uma recuperação do ambiente "chanson naïve" que remete para a nostalgia de Françoise Hardy e até para, em algumas passagens, a boa tradição da canção francesa de autor. Não está tão sózinha como parece. Keren Ann está na mesma linha. E ainda por falar em mulheres bonitas, a fabulosa monegasca, Fanny Ardant, também sem saber cantar, interpreta com um enorme charme elegantemente contido, o blues " A quoi sert vivre libre " do filme "8 mulheres".
Posto isto, duas conclusões :
Carla Bruni não vai vender em Portugal na mesma proporção do que vendeu em França;
prefiro a Bruni na rádio do que as Spears, Aguilleras e ...... cada um que acrescente o que quiser.
Da Bruni fica qualquer coisa. E honra lhe seja feita : é pelo som e não pela imagem.

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