Pouco
para dizer, muito para escutar, tudo para sentir. A propósito
do programa de rádio
ÍNTIMA FRACÇÃO
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14.8.03
4 : 30 da madrugada.
Saio do estúdio para, finalmente, encontrar um pouco de ar fresco. Caminhando contra a brisa, pareceu-me que tudo era ainda possível.
Ficou pronta mais uma edição da IF. Normalmente, demoro alguns dias a prepará-la, incluindo pesquisas, escutas prévias, procura ( ou escrita ) de textos e edição. Alguns programas demoraram muito mais. A construção da emissão que ficou designada por " You only live twice - IF mix ", demorou dois meses a preparar. Foi preciso encontrar uma grande variedade de versões, para além de extractos da banda sonora do filme e até um velho spot promocional radiofónico.
Como se fosse um diário ( neste momento não me interessam minimamente as discussões e reflexões sobre o papel dos blogs ), porque o blog da IF é escrito para quem se interessa pela IF, também para todos os que se interessam por mim ( obrigado pelos mails ) e, já agora, também porque preciso de o fazer "por mim" - "para mim" ( ou será que os bloguistas estão convencidos que cumprem um desígnio superior qualquer ? ), reforço a ideia de que se vive um mês de Agosto como nunca houve, ou então já não há memória.
Talvez porque não posso fazer quase nada por alguém que chora pela irreversibilidade da doença de alguém que ama ( como te percebi Cândido Mota, quando "rebentaste" no Passageiro da Noite ). Talvez ainda porque "ouvi" alguém que amo, noite adentro, fugir esbaforida do fogo que lhe cercou os míseros dias de férias. E, até, por ver o envolvimento do refúgio da IF, de verde passar a negro. ( recordar )
Talvez estas sejam justificações. Mas há um sentimento de tristeza generalizado que é, para já, inelutável.
No entanto, o filósofo António Pedro Pita ( tão pouco citado pela intelectualidade portuguesa ... porque ainda novo ? ... porque ainda vivo ? ), referindo-se ao futuro, disse-me numa das conversas da série "Os desafios do milénio" ( TSF - 96/97 ; editadas pela Quarteto - 99 ) : " As coisas se não se passaram, provavelmente também não se passarão exactamente como está previsto, e há sinais que nos conduzem para uma espécie de reconsideração dos elementos compreensivos do mundo, nos quais eu vejo, apesar do banho apocalíptico em que estamos, os meios de prosseguir esta aventura. "
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Francisco em 14.8.03
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