Pouco
para dizer, muito para escutar, tudo para sentir. A propósito
do programa de rádio
ÍNTIMA FRACÇÃO
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30.10.03
"As coisas são como são".
E ainda se acrescenta: " e ponto final !".
Que melhor maneira haverá para explicar este meu súbito regresso a Virginia Astley ? Claro que saiu no final de Setembro uma nova edição do histórico álbum "From gardens where we feel secure". Talvez, sem dar por isso, me tenha chamado de novo a Virginia e os seus sentidos. Mas "as coisas são como são" e aqui estou, como adolescente, a ouvir vezes sem conta "Broken" do álbum "Had i the heavens" (1996).
E porque "as coisas são como são", é que eu julgo que o primeiro histórico álbum de Virginia Astley (Julho de 1983) devia ter sido reeditado com uma pequena modificação no título : em vez dos "jardins onde nos sentimos seguros", devia estar "jardins onde nos sentíamos seguros".
"Broken ... i'm broken". (ninguém me encontra a letra completa ?)
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Francisco em 30.10.03
29.10.03
Como se todas as esperanças, há muito esquecidas, não se tendo concretizado, fossem, agora, de novo possíveis.
As esperanças possíveis são muito mais inquietantes do que as esquecidas.
A música avança. Pára. Recomeça. Aventura-se, mas ainda não se decide.
A IF.
Walking and falling at the same time.
Lá por que não está NO-AR, nem por um só momento adormeceu. Reaprende a andar, mas insiste em não utilizar bússolas para a navegação nocturna.
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Francisco em 29.10.03
Quem é que no Portugal-2003 tem coragem para fazer um filme como "O meu tio", de Jacques Tati ?
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Francisco em 29.10.03
28.10.03
Li num blog (não me lembro qual) que o Roland Barthes tinha escrito nos "Fragmentos de um discurso amoroso" o seguinte : O amor de alguém é um presente tão inesperado e tão pouco merecido que devemos espantar-nos que não no-lo retirem mais cedo.
Ora quem escreveu isto foi a Marguerite Yourcenar no "O tempo - esse grande escultor". São dois livros que quase sei de cor. A IF cresceu à sombra deles.
Já agora que aqui estão, oiçam mais um pouco :
Não se possui ninguém (mesmo os que pecam não o conseguem) e, sendo a arte a única forma de posse verdadeira, o que importa é recriar um ser e não prendê-lo.
...
Só se possuem eternamente os amigos de quem nos separamos.
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Francisco em 28.10.03
Se a IF estivesse, agora, no ar estava em passar alguma coisa deste álbum.
"A year to the day". É um grupo de escoceses. The Zephyrs. Há um bocado de slide-guitars a mais, mas também há muitos outros momentos que valem a pena. Não sei ainda por quanto tempo.
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Francisco em 28.10.03
Lá pelo meio da década de 80, o João Costa ( um dos mais elegantes e cultos radialistas portugueses, "escondido" na RDP ), que na altura ainda não trabalhava na rádio ( estudava Direito ? trabalhava numa discoteca ? construía candeeiros ? ), emprestou-me um disco imaculado. Duplamente. Era um duplo vinil, com um dos discos só preenchido com temas instrumentais. "Gone to Earth", do David Sylvian.
É ali que está mais uma das referências da IF. Sempre pensei fazer um vídeo sobre a Serra da Estrela com aquela banda sonora. Depois, pensei fazer um trajecto entre a montanha e o mar. Depois ... tanta coisa e ... até hoje !
Vem este post a propósito, se ainda não perceberam, da imagem sobre a noite que a Chris colocou no IF-NO-AR, mas também porque, sempre que posso, aproveito para falar do João Costa. Para ele, a Rádio passou a ser uma profissão e deixou de ser uma paixão ( foi, há quase 10 anos, uma das vítimas da primeira crise "emocional" da TSF ). Nem sei se o João Costa alguma vez esteve apaixonado pela rádio. Não interessa. Uma vez disse-me que precisava de uma profissão para preencher as fichas de registo nos hotéis. Nessas fichas não fica a sabedoria, o bom gosto, a elegância e a criatividade do João. E assim perdemos o que devia estar audível a todos.
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Francisco em 28.10.03
26.10.03
Vento, chuva, frio e neve.
manto branco
Fui buscar "A um Deus desconhecido" da Sétima Legião, onde está o indicativo da IF (Mar de Outubro). Procurei o LP em vinil que utilizei nos anos da RDP-Antena 1.
Ouvi o Manto Branco.
Um encanto que acabou
Manto branco sobre a luz
Outro vento que mudou
Manto branco e uma cruz
E dizer
Eu posso sorrir
E dizer
Eu posso fugir
E mentir
Eu posso sentir
ao viver depois de ti
...
Uma herança de mudar
Manto branco pelo chão
Já não te posso tocar
E dizer
Eu posso sorrir
E dizer
Eu posso fugir
E mentir
Eu posso sentir
ao viver depois de ti
É este o disco. O original, com rótulo da RDP (feito pelo Fernando Trigueiros) e tudo. Guardei-o para a memória. Troquei-o por outro exemplar que substituiu este. A imagem é pura memorabilia para seguidores da IF.
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Francisco em 26.10.03
A noite de sábado para domingo é a noite original da IF. Mas foi de domingo para segunda que ela percorreu a maior parte do seu percurso até aqui.
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Francisco em 26.10.03
25.10.03
Está aqui a gravação integral ( com alguma pub. americana pelo meio, mas enfim ...) da prestação de Jimmy Hendrix no Festival da Ilha de Wight. Isto passou-se em Agosto de 1970. Hendrix morreu dias depois. O que aqui está é um registo daquele momento.
33 anos depois, está quase tudo na mesma. O que é mau. O ambiente dos concertos de massas tem aqui o seu Neolítico. O Paleolítico foi em Woodstock.
Do mal o menos. Já não bebo BB, um refrigerante cheio de corantes e gaz.
Infelizmente já não vou para Campo de Ourique à procura dos discos que não encontrava na Avenida de Roma.
Da Cremilde, que foi a única pessoa que conheci que esteve na Ilha de Wight, nunca mais soube nada.
Informações complementares :
- Hendrix actuou às 3 da manhã;
- a música de Hendrix não é propriamente um paradigma IFneano. A referência, largamente utilizada, é The Wind Cries Mary;
- Hendrix utilizou a electricidade como ninguém;
- naquela noite, chovia de mansinho.
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Francisco em 25.10.03
A propósito de uma noite de vento.
After all the jacks are in their boxes,
and the clowns have all gone to bed,
you can hear happiness staggering on down the street,
footprints dress in red.
And the wind whispers Mary.
A broom is drearily sweeping
up the broken pieces of yesterday's life.
Somewhere a Queen is weeping,
somewhere a King has no wife.
And the wind it cries Mary.
The traffic lights they turn blue tomorrow
And shine their emptiness down on my bed,
The tiny island sags downstream
'Cos the life that they lived is dead.
And the wind screams Mary.
Will the wind ever remember
The names it has blown in the past,
And with this crutch, its old age and its wisdom
It whispers, "No, this will be the last."
And The Wind Cries Mary.
Jimmy Hendrix
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Francisco em 25.10.03
24.10.03
Van Morrison de regresso e agora na Blue Note.
Não sei se a etiqueta será uma mais valia para a música de Van. Visitante habitual da IF desde o seu início, Van Morrison volta com este What's wrong with this picture?. A capa evoca o design da própria Blue Note - anos 60. O disco abre com mais uma canção de tristeza e resignada revolta.
Saiu há 3 dias.
Salta-me nas mãos. Embaralha-se-me nos ouvidos. Saltita-me no coração, levemente inquieto. Quer encontrar a saída (a IF) e não disfarça a ansiedade.
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Francisco em 24.10.03
22.10.03
O Nuno Pereira deu-me a conhecer, através do Bodyspace, este livro. Era só o que me faltava para completar o trabalho arqueológico sobre PET SOUNDS(1966).
Depois de o ouvir há tanto tempo, vou procurar entrar na verdade desta absoluta obra prima do século XX ( e estou a falar em música popular). Na época, a Capitol, editora dos Beach Boys, não ficou satisfeita com o disco. Queriam mais do mesmo. Quer dizer, mais Verões intermináveis, carros, garotas e ondas ( take a wave and you're sittin' in the top of the world ). Brian Wilson não fez nada disto. Utilizou a música como pintura, como matéria plástica. Ao ouvir as sessões de gravação ( a que se seguiram intermináveis misturas só com Brian, um produtor e um técnico ), sente-se que "algo de raro e indefinível" estava a acontecer.
Espero que este livro me possa contar mais.
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Francisco em 22.10.03
21.10.03
A Maria Eduarda apareceu com uma folha destas que o João Francisco lhe deu.
Em breve, tal como estas belíssimas folhas de plátano, cairá aí a colectânea "Outono" organizada pela Janela Indiscreta com capa (não menos bela) do Mário. Porque a ideia já vem de há muito, vai ser uma Íntima Fracção outonal registada em CD. Quem quer ? Ponha o dedo no ar ...
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Francisco em 21.10.03
18.10.03
A Íntima Fracção é uma mulher.
Durante a semana, escolhia-lhe as mais belas peças de vestuário. Desenhava-a. Pintava-a. Dava-lhe recados.
Ao fim da semana, ela vinha. Como se fosse outra. Como se não tivesse sido eu a prepará-la. Falava suavemente. Levemente sedutora. Não chorava, mas fazia-me chorar. Não sei porquê.
Há três semanas que não aparece, mas todos os dias me envia mensagens. Diz, irónica, que ainda não é desta que eu me livro dela.
Is a woman.
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Francisco em 18.10.03
De regresso ao futuro, lá vai o som olhando de cima a noite.
Imitation Electric Piano, Trinity Neon.
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Francisco em 18.10.03
Ao retomar os Young Marble Giants, abri a porta para as memórias imediatamente anteriores à IF.
Se há pilotos de avião que têm milhares de horas de voo, eu tenho-as também "no ar". Só não sei onde fui, nem por onde passei. Por muito que queira imaginar, não chega.
Em algumas noites dos anos imediatamente anteriores à IF, com a cumplicidade da "assistência técnica", desligava a iluminação normal do estúdio e trabalhava apenas com um candeeiro sobre a mesa. É desse tempo, onde voar pela noite era uma aventura, que me chega a Lene Lovich. "Too tender (to touch)".
Too tender to touch
To fragile to last
These misty eyes are just enough
A little sign
To guide the way
We don't need so very much
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Francisco em 18.10.03
16.10.03
"The Portuguese media marketplace is currently in the middle of a major realignment, with Lusomondo Media at the heart of it," said Donal Buggy, the chief financial officer at INM. ( no Guardian )
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Francisco em 16.10.03
Young Marble Giants.
O trio de Cardiff, passeia pela cidade. Algures, nos anos que antecederam o nascimento da IF.
O Mário colocou no IF-NO-AR, o som e a letra de "Radio silents" dos Y.M.G. . Está num single que saiu em 1979 e mais tarde num álbum de 84.
Passa ali o som daquela espera por alguma coisa que vai acontecer.
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Francisco em 16.10.03
15.10.03
O Hugo Ferreira da RUC (e do Cimbalino) fala no seu blog da ResonanceFM, de Londres (mas também na net).
O sonho explicado por quem o faz :
Imagine a radio station like no other. A radio station that makes public those artworks that have no place in traditional broadcasting. A radio station that is an archive of the new, the undiscovered, the forgotten, the impossible. That is an invisible gallery, a virtual arts centre whose location is at once local, global and timeless. And that is itself a work of art. Imagine a radio station that responds rapidly to new initiatives, has time to draw breath and reflect. A laboratory for experimentation, that by virtue of its uniqueness brings into being a new audience of listeners and creators. All this and more, Resonance104.4fm aims to make London's airwaves available to the widest possible range of practitioners of contemporary art.
Já sei, já sei ... Cá, isto não dá !
Portugal não voltará para trás (sic).
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Francisco em 15.10.03
14.10.03
Depois do grande choque ( e pavor ? ) de ouvir um dos MAIORES radialistas portugueses ( Aníbal Cabrita ), vulgarizado por uma lista de músicas (?) a cumprir, retomo a ideia deixada no Adufe . A letra de Caroline, no ( Briam Wilson-Tony Asher ) é a mais simples e eficaz forma de explicar o que nos vai na alma. Basta substituir Caroline por TSF ... Leia a letra completa no Adufe.
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Francisco em 14.10.03
13.10.03
Chamo a atenção para um comentário ao post anterior deixado pelo Rui MCB.
Também eu ouvi esta noite o Aníbal Cabrita ser completamente esmagado pelo peso de uma playlist sem classificação.
Acabaram-se estas dúvidas, começaram outras.
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Francisco em 13.10.03
10.10.03
Utilizo o blog para dizer que não consigo responder a todas as mensagens. Se receberem um simples "obrigado", não julguem que é sobranceria.
O que me impressiona mais, é descobrir que, muito para além do que alguma vez imaginei, há muita gente com gravações da Íntima Fracção.
Este post foi escrito depois de ter recebido mais uma mensagem de um ouvinte que tem IFs gravadas.
Assim, para além dos sons das memórias que envolvem os corações, a IF está espalhada, intemporal, em "velhos decks de K7" que a continuam em qualquer canto da noite.
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Francisco em 10.10.03
9.10.03
As últimas emissões da IF, antes da suspensão, foram marcadas por " From a late night train " dos Blue Nile.
Nesta época de tomar fôlego e balanço, há também uma canção que eu gostaria de partilhar e que desenha bem nos ouvidos o actual estado de espírito.
Room with a view. A versão em inglês de "Chambre avec vue" de Henri Salvador, pelo próprio. Do CD com o mesmo nome, editado pela Blue Note. Reencontrei o disco através da Janela Indiscreta.
Um quarto com vista para ...
Se possível, de onde se possam ver as coisas do alto. Imaginar os percursos do som da IF, entrando por uma janela, poisando na cabeceira de alguém. No meio da noite. A promessa de voltar.
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Francisco em 9.10.03
7.10.03
Em antena ( e também na Internet ) o que há de mais próximo da Íntima Fracção chama-se Vidro Azul. Vale a escuta e a visita ao blog.
Entretanto acabei de passar pelo IF-NO-AR. A sugestão deixada por MrDeltaSun já vai aqui : "Quanto custa uma frequência ?".
Calma.
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Francisco em 7.10.03
5.10.03
Há longos longos anos que não sentia o que é passar um fim-de-semana sem a Íntima Fracção.
Se estivesse hoje no ar, teria passado uma das canções (suaves) de sempre na IF :
JE NE PEUX PLUS DIRE JE T'AIME
de Jacques Higelin.
O disco é de 1979. Utilizei-o pela primeira vez logo no primeiro ano da IF (1984). Foi o Paulo Eno Marques que mo emprestou. No Natal desse ano, chega a Manela Albuquerque - a prima, da EMI (Valentim, Vadeca ...) e dá-me o disco de presente. Um duplo vinil.
Há muitos anos que já não utilizo o vinil, mas esta música atravessou toda a história da IF. Hoje, tê-la-ia utilizado de novo. Conta o estado actual da minha relação com a TSF, com quem estou casado há 14 anos.
Je ne peux plus dire je t'aime
Ne me demande pas pourquoi
Je ne ressens ni joie ni peine
Quand tes yeux se posent sur moi
Si la solitude te pèse
Quand tu viens à passer par là
Et qu'un ami t'a oubliée
Tu peux toujours compter sur moi
Je ne peux plus dire je t'aime Hm Hm
Sans donner ma langue à couper
Trop de serpents sous les caresses
Trop d'amours à couteaux tirés
Si dure que soit la solitude
Elle te ramène à ton destin
La loi du grand amour est rude
Pour qui s'est trompé de chemin
Je ne peux plus dire je t'aime
Ne me demande pas pourquoi
Toi et moi ne sont plus les mêmes
Pourquoi l'amour vient et s'en va
Si la solitude te pèse
Quand le destin te mène ici
Et qu'un ami t'a oubliée
Tu peux toujours compter sur moi
Et qu'un ami vienne à manquer
Tu peux toujours compter sur moi
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Francisco em 5.10.03
4.10.03
Ao Lourenço,
que comprou uma Rolleiflex no momento em que deviam ser compradas : anos 50.
Ao Lourenço,
um cavaleiro andante que deixou milhares de "retratos" noutros tantos milhares de casas.
Ao Lourenço,
a quem garanto que, se ninguém tomar contar da Rollei, esteja descansado que eu trato dela.
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Francisco em 4.10.03
2.10.03
Well this could be the last time
This could be the last time
Maybe the last time
I don't know. Oh no. Oh no
The Rolling Stones em Coimbra, na noite da despedida da IF à TSF.
São os Stones ou os Pink Floyd ?
Estes são os Rolling Stones.
Mick Jagger correndo na noite de Coimbra ... em direcção ao "futuro incandescente".
Eu não estava no estádio. Era a última noite da IF na TSF. O concerto acabou a tempo. Os milhares de pessoas nas ruas lembraram-me a ENORME diferença entre um espectáculo de massas e um programa de rádio para ouvir sózinho.
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Francisco em 2.10.03
1.10.03
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